[Diário de Bordo]: Minha Vida e a Internet [Parte I]

in #pt7 years ago (edited)

O Burraldo


Já há algum tempo, desde o início da década de 90 no Brasil, que temos a companhia da Internet em nossas vidas. E ela chegou de supetão! Sim, nada de chegar de mansinho, não. Como dizemos por essas bandas brasileiras, "ela já chegou chegando", causando "frisson" em todos nesta nossa América do Sul.

Eu me lembro bem disso. Estava na universidade àquela época, já terminando minha gradução, e a única coisa que eu ouvia pelos corredores era isso: "Internet". Alguns meses depois, escutei a palavra "e-mail" e, daí por diante, a coisa começou a piorar, porque tudo o que acontecia era nublar o meu entendimento sobre essa geringonça!

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Primeiro Contato


Quando escutei a palavra "e-mail", e eu pronunciava erradamente (gente, eu fala "in-mail" e, um dia, passei a maior vergonha por conta disso em sala de aula; depois conto), fiquei pensando em como enviar mensagens mais rapidamente para minha penfriend na Alemanha. Seria muito bom conversar com ela pelo menos uma ou duas vezes por semana.

Fui atrás da informação e sobre como poderia enviar uma mensagem de "in-mail" para ela. Saí do prédio da Letras e visirei o Centro de Tecnologia, que ficava logo em frente. Perguntei tudo o que pude, fizeram uma conta para mim em uma tal de "Telnet" (foi a única coisa que eu consegui entender sobre o que eles estavam falando) e que, por ali, eu poderia enviar mensagens. Eu fiquei imaginando: nossa, que máximo, eu poderei conversar com a Suzanne. A emoção tomou conta e fui para a sala de computação. Gente, pasmem, havia uma fila GIGANTE para usar uma máquina (que era o computador da época, e eu nem sabia que aquilo era computador) que estava no centro da sala. Não me dei por vencido e fiquei esperando.


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Minha Vez


Chegara minha vez, umas três horas depois. Eu havia perdido aula, perdido minha sessão de iniciação científica com minha orientadora acadêmica, tudo pela vontade de mandar uma mensagem para minha amiga. Sentei na cadeira, olhei para meu inimigo, aquele computador enorme na minha frente e, na mesma hora, já me deu vontade de fazer o número 2 de tanto que eu estava nervoso. Caraca, qual botão apertar? Como poderia fazer isso aqui funcionar a meu favor? Onde escrever aquele endereço de in-mail que o rapaz da computação me havia dado? Dei-me conta de que não sabia nada sobre aquilo.

Olhei para trás na esperança de pedir ajuda e percebi mais de cem pessoas com umas caras muito violentas e, até mesmo, demoníacas, olhando para mim. Caras do tipo: se você não andar logo, você vai aprender computação no céu (ou no inferno), porque vamos te mandar para lá. Bom, o jeito era tentar. Comecei a apertar um botão aqui e outro ali. Fui lendo o que aparecia na tela, configure isso, configure aqui, e eu apertando "Y" para tudo, até que apareceu uma caixa de texto com o seguinte dizer: "You need to reboot. Do you want to reboot now?" Nem preciso dizer o que aconteceu, não é?

O computador fez um barulho enorme e desligou na minha cara! Sabe quando a gente sente o corpo gelar? Gente, sem sacanagem nenhuma, eu senti um frio tão assustador, que a minha vontade era de sumir. Mas como passar pelos alunos que estavam esperando atrás de mim?


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Fuga


Enfim, eu me levantei, peguei a mochila e saí da sala com a maior cara de pau do universo! Eu só sei que, quando passei pela porta, eu apertei o passo, porque já estava escutando um rebuliço na sala em que eu estava. Começou um falatório por conta do computador desligado, e eu não queria que me pegassem para averiguações. Olha, eu nunca corri tanto na minha vida pelos corredores da faculdade de Tecnologia da UFRJ. Acho que, até hoje, eles devem lembrar dessa história, porque, das duas, uma: ou eu apenas reiniciei o computador e era só esperar que ligasse novamente (naquele tempo, em que só havia aquele computador mega enorme na universidade inteira, que tomava a sala TODA, vocês podem imaginar o tempo que aquilo levou para ligar de novo), ou eu simplesmente reiniciei o computador deixando-o novamente no osso, ou seja, apaguei tudo! Do jeito que eu sou sortudo, acho que foi essa segunda opção que aconteceu!

Bom, acho que Deus gosta de mim, porque consegui me graduar, ainda consegui entrar no Mestrado, e as pessoas não me reconheceram, deixando-me viver até hoje para contar essa história para vocês.

Notinha: o pior de tudo não foi quebrar o único computador da universidade inteira, mas sentar na frente da máquina para passar uma mensagem para minha amiga da Alemanha, e eu nem sabia se ela tinha in-mail. Gente, realiza: como é que eu conseguiria passar uma mensagem para alguém se eu não tinha o endereço da pessoa? Pois é. Eu estava me sentindo tão feliz naquele dia, e eu não sei se era só isso, porque, para mim, parecia até que eu tinha usado tóchico, que nem me dei conta de que precisaria de um endereço para enviar uma mensagem. Eu só pensei em escrever e pronto. Chessus, que jegue!


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Imagens: 1, 2, 3, 4

Muito obrigado por sua visita, carinho na leitura e comentários!
Abraços, @manandezo!
Publicação de 30 de agosto de 2017.

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Parabéns, @Manandezo
Teu post foi un dos mais votados coa etiqueta #portuguese, e como tal, mencionado no post Os Posts MAIS votados coa etiqueta #Portuguese 31 de Agosto

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Oba, que legal! Obrigado, @gazetagaleguia!

Abraços, paz e bem! 🤗

Adorei!!! Me contive pra não rir alto aqui no trabalho!kkkkkk
Que aventura!kkkk Ainda bem que quando tive contato com computador, as coisas a respeito estavam mais claras... Eu já tive alguns sustos do tipo e hoje consigo rir, mas antes era só olhos arregalados e susto. kkkk

Obrigado, @cleateles! Sempre que eu escrevo, eu penso como será sua reação, acredita? Ontem, no nosso primeiro "hangout", eu comentei sobre isso.

Menina, você não tem ideia de como foi duro aprender do zero toda essa tecnologia. Ninguém sabia nada, era o caos na Terra. Mas, tudo deu certo e estamos aqui hoje, nos conhecendo. Isso é lindo!

Beijos carinhosos! 💗💗💗

É lindo e muito legaaaallll!!! =D
Bjo, bjo, bjoooo

Meu Deus!! Eu estou rindo só de imaginar você contando isso haha
Realmente vocês que pegaram a chegada da tecnologia sofreram bastante para aprender bem como funciona, hoje às crianças dominam celulares, tablets e os computadores e a cada avanço tecnológico vai ficando mais fácil ainda para as crianças.
Que bom que não fizeram nada contigo, acredito que você não foi o primeiro e nem o último a conseguir fazer uma coisa dessas com esses super computadores daquela época.

Pois ria mesmo, @araujo! Foi uma aventura aprender tudo isso naquela época. Computadores enormes, milhares de fios conectados em todos os lugares e ao telefone, uma infinidade de comandos para uma única operação. Sofremos, mas vencemos! 🙌

Hoje, graças a Deus, está tudo mais fácil e todos podem aprender de forma tranquila e no seu próprio ritmo. Os que já nascem neste tempo já sabem que não terão problemas ao manusear esses dispositivos. Eu ainda me sinto um tanto perdido para algumas coisas, devo confessar, mas o básico do básico eu sei. 😅

Abraços, amigo @araujo! Paz e bem!

Você quere enganar ás lectoras decindo que vai falar de internet... cando solo quería falar da súa amada ....
Non era un post de ordenadores, era un post de amor !!!! :-)
Apertas apretadas.
Saúde

😄😄😄

Eu devo dizer que essa minha amiga da Alemanha é lindíssima! Após 15 anos de amizade por cartas, acabamos por nos conhecer e ela é realmente uma pessoa incrível, mas infelizmente não somos namorados (creio que @pekuswill ficaria enciumado)! 😊

Hoje, acabamos perdendo o contato. Tentei achá-la pelo Facebook, mas não há traços dela. Fico triste, mas creio que a vida nos leva por caminhos que, em alguns momentos, é necessário não tentar entender por enquanto.

Abraços quentinhos e apertados! Paz e bem! 🤗

Apertas quentiñas e apertadas, humano.
Saúde e ledicia.

Hahaha! Muito legal @manandezo! Obrigado por compartilhar essa história! Poxa deveriam ter colocado pelo menos um fiscal/instrutor para ajudar o pessoal né? E é quase surreal imaginar essa fila para usar o único computador da universidade! hahah

Obrigado, @thomashblum! Sim, é verdade, um fiscal seria ótimo, mas não havia, para o desespero de todos como eu.

Eu me lembro desse dia sempre que me deparo com um problema no mundo da computação e acho que esse trauma me deixou com medo de tudo relacionado a esse mundo "informático".

Abraços, paz e bem! =)

muito bom Mano!! Já virei fã do seu humor :-) Sucesso

Obrigado, @raphavongal! Outros textos já estão no forno!

Abraços, paz e bem! =)

hahaha sensacional!! eu tbm tinha um panfried.. ele era da India... depois nos adicionamos no orkut (q brega kkkk) mas eh verdade.. ai perdemos o contato qnd o orkut fechou.. @manandezo suas historias sempre são cheia de surpresas e muito engraçadas!! eu adoro!! bjs..

Caraca, Orkut! Muito bom! Eu me lembro que era MEGA VICIADO naquilo. Hoje, com o advento do Facebook, achei que ficaria viciado também, mas não rolou química.

Olha, que legal! Um penfriend da índia. Muito bom! Sua história é parecida com a minha com relação à perda de contato... 😢 Enfim, é a vida!

Eu gosto de contar as coisas assim, de forma cômica, meio bobão, sabe? Acho que a melhor forma de rir da e para a vida é quando sabemos rir de nós mesmos. Ontem, no hangout, falamos sobre suas publicações e o quanto eu rio com elas. Você, @cleateles e eu fazemos um belo trio "contadores de histórias". Amo muito!

Beijos, @mar! 😊😊

ah que legal! eu nao sabia que a @cleateles tbm eh contadora de historias!! adicionei! bjs