O que o plano de governo dos candidatos a presidente tem a dizer sobre seus investimentossteemCreated with Sketch.

Por Luis R. van den Berg


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O texto de hoje não será sobre investimentos em Criptomoedas e lamento fugir do propósito da Newsletter, mas você que é meu cliente muito provavelmente possui outros investimentos e é por isso que o texto de hoje será sobre o plano de governo dos candidatos à presidência.

Escrevo na certeza que vou perder algumas assinaturas, mas na condição de gestor de recursos de algumas centenas de investidores, é um custo baixo a ser pago, e não, esse não é um texto de viés ideológico, é uma análise fria dos planos de governo dos nossos candidatos disponibilizados pelo TSE, que você mesmo pode baixar:

http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/propostas-de-candidatos

Em minha opinião, os eixos centrais para análise que entraram em discussão no primeiro turno estão equivocados. Escolhemos dois eixos principais para pautar a agenda, o eixo da moral e dos costumes e o eixo da corrupção. São temas importantes de fato e que geram discussões acaloradas, porém a discussão de moral e costumes, independente de sua opinião, dificilmente será o motor da mudança que o Brasil precisa. A discussão sobre a corrupção é importante, mas o tema é pauta para a polícia, ministério público e judiciário.

Precisamos colocar na mesa o eixo economia e analisar criteriosamente os planos de governo. A condução da economia nos trouxe a uma crise fiscal sem precedentes, a um número absurdo de 13 milhões de desempregados. O país está literalmente quebrado e sem capacidade de investimento.

Lendo o conteúdo referente a economia dos dois planos de governo com muito cuidado, trago más notícias. Tem um plano ruim e um pior. Vou sintetizar alguns pontos-chave de cada plano.

Vamos começar por Haddad:


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Começando pela página 37 com os pilares do plano econômico, podemos ler na sequência “Revogar a EC95”, “Revogar a reforma trabalhista”, “Suspender a política de privatização” e “Recuperar o pré-sal”, sendo esse conjunto de medidas chamado de “novo padrão de desenvolvimento”.

Na sequência vemos que o governo Haddad irá retomar imediatamente as 2.800 obras paradas, retomar os investimentos da Petrobrás e uma infame cópia do projeto de Ciro Gomes que foi chamado de “Dívida Zero”, na qual bancos públicos refinanciarão as dívidas dos devedores.

Avançando para a Chamada Política Nacional de Desenvolvimento Regional Territorial, vemos que é alegada a necessidade de um “novo aparato institucional competente”, com abertura de financiamento por parte de BNDES, CEF e BB aos municípios “constrangidos pela dívida pública”.

No item 4.2.3 podemos ler que “nosso programa propõe que os investimentos públicos, compostos pelo orçamento de investimentos da União e das empresas estatais, não sejam computados para efeito de apuração do limite de gasto que sejam previstos pelas regras fiscais que estejam em vigor”.

Seria possível elencar mais alguns pontos, mas prefiro fechar com o trecho que fala sobre a reindustrialização no qual o plano traz a seguinte redação “O processo de reindustrialização nacional transcorrerá com base na significativa elevação da taxa de investimento. Para tanto, o setor produtivo estatal deverá ser reconfigurado para fortalecer setores industriais estratégicos.”

Vamos ao programa de Bolsonaro:


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A parte referente à economia começa no slide 50. Ainda no preâmbulo encontra-se a redação “devemos afastar o populismo e garantir que o descontrole das contas públicas nunca seja ameaça ao bem-estar da população. O desequilíbrio fiscal gera crises, desemprego, inflação e miséria. Inflação é o maior inimigo das classes mais desamparadas, pois não apenas empobrece o trabalhador, mas também aumenta a desigualdade de renda, piorando a situação dos mais pobres.”

O plano de Bolsonaro prevê a criação de um ministério único chamado Ministério da Economia que será a união do que hoje é conhecido como Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento Indústria e Comércio e a Secretaria Executiva do Programa de Parcerias e Investimentos.

O programa é forte em sua retórica ao afirmar “A administração pública inchou de maneira descontrolada nos últimos anos. Houve uma multiplicação de cargos, benefícios e transferências sem comparação em nossa História. Como resultado, vemos um setor público lento, aparelhado, ineficiente e repleto de desperdícios.”

Um ponto muito interessante em relação a previdência é a proposta da introdução do sistema de capitalização, ou seja, o trabalhador passaria a fazer uma poupança para sua aposentadoria futura, ao contrário de hoje, em que o trabalhador paga o atual aposentado.

No slide da página 61 é proposto um grande programa de privatizações com foco no aumento da competitividade, ou seja, privatizar empresas ineficientes. Na parte trabalhista, o plano propõe a criação de um novo regime em que a negociação entre patrão e empregado poderá, a critério do trabalhador, ser mais forte que a CLT.

Confrontando os planos

O plano de Bolsonaro é muito forte no discurso e não é claro na execução. Falar em uma previdência com regime de capitalização é lindo, mas simplesmente não existe dinheiro para isso e o déficit atual seria multiplicado... Em resumo, bonito mas, não passível de execução.

Falar em redução da carga tributária no dia 1 de governo em um país completamente quebrado e sem gás para investir é outro ponto questionável. Da onde virá o dinheiro? De uma nova CPMF? Quem sabe depois das reformas, mas no dia 1 não é verdade.

O grande ponto positivo está no reconhecimento dos problemas de inchaço da máquina pública e o gravíssimo problema fiscal.

O plano de Haddad só pode ser classificado com uma expressão: TRAGÉDIA. O plano econômico do PT reflete a negação da mazela a qual a nação está sendo submetida. Colocar em prática o plano do PT somente é possível com a impressão desenfreada de dinheiro ou ampliação exponencial do deficit (ou seja, dívida), que no final do dia são a mesma coisa.

Em seu plano de governo ele cita “Inflação controlada, juros baixos e crédito disponível”, vejamos a contradição.

Imprimir dinheiro (ou aumentar a dívida) é assumir publicamente o compromisso de trazer a inflação de volta. É uma contradição imensa um governo que se diz social e que se propõe a governar para os mais pobres propor tão abertamente um plano que irá promover a volta da inflação descontrolada, o que pune severamente o assalariado e a população carente.

Não falo isso com base no achismo, falo isso porque o plano atual nada mais é que a continuidade do que estava em curso até 2016. Basta ver as séries históricas de inflação e endividamento disponíveis no site do Banco Central do Brasil, lembrando a todos que chegamos a acumular 14,5% de inflação em 12 meses no ponto mais severo do governo Dilma.

Partindo para as conclusões e algumas recomendações práticas. Não se iluda com a disparada da Bolsa e com a queda do dólar que veio com empolgação da onda Bolsonaro. No longo prazo a missão de consertar o país é extremamente difícil e o tamanho do problema não pode ser subestimado. A tarefa de trazer a economia para o eixo é muito mais complexo do que a bolsa sugere e não temos nenhuma clareza de como o eventual governo Bolsonaro faria isso na prática.

Encare esse cenário como uma oportunidade para você comprar seguros com preços convidativos. Reforce suas posições em dólar e em Criptomoedas. Se Haddad ganhar, você terá feito um excelente negócio. Se Bolsonaro ganhar, anote minhas palavras, a lua de mel do mercado acabará quando a realidade bater à porta do novo governo, ou seja, no longo prazo, também terá sido um bom negócio.

Infelizmente, apesar da importância de se discutir moral, costumes, corrupção, bem-estar social, saúde, educação, segurança, transporte... É na economia que são construídas as bases. Um país quebrado e inflacionário não vai conseguir evoluir nos demais temas.

Fecho a Newsletter dessa semana fazendo o que tecnicamente eu não deveria fazer, declarando meu voto (reforço aqui que se trata da minha opinião, exclusivamente pessoal e não de um posicionamento da empresa HashInvest), mas como disse a John. F. Kennedy em uma referência à Dante Alighieri, “No inferno os lugares mais quentes são reservados aqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”.

Entre a dúvida de como o plano de Bolsonaro será executado e a certeza do desastre de Haddad, independente de concordar ou não com o candidato nas outras dimensões, fico com a primeira opção, e lamento informá-lo, votar em Haddad é ser financeiramente irresponsável com você, com a nação e principalmente, com os mais pobres.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada a seus clientes semanalmente, disponibilizada aqui com algumas semanas de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra e sem defasagem? Cadastre-se no site da HashInvest.

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Bela análise. Antigamente podíamos dizer que os eleitores do PT eram vítimas. Foram enganados e ludibriados pelo partido, feitos de bobo mesmo. Mas hoje em dia já não dá mais pra chamá-los de vítimas, são cúmplices mesmo.

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