O futuro do Ethereum
Por Felipe Benghi
O Ether, moeda do Ethereum, é uma das criptos que mais tem sofrido com a dor de barriga no mercado das moedas digitais neste ano. Por trás da queda dos preços acima da média existem diversos fatores, como o fracasso das ICOs, o lançamento de plataformas concorrentes (as chamadas Ethereum killers) e as conhecidas limitações no número de transações.
Problemas a parte, o Ethereum continua sendo uma das plataformas com maior e mais ativa comunidade espalhada pelo mundo. E, apesar dos pesares, este pessoal continua em frente no objetivo de alcançar o que tem sido chamado de Ethereum 2.0.
Eu já comentei separadamente sobre algumas mudanças que devem ser implementadas, como Proof-of-Stake e Plasma. Hoje, no entanto, eu pretendo dar uma visão geral de onde os desenvolvedores pretendem chegar com o Ethereum.
A próxima atualização é esperada para logo (falava-se em outubro, agora se fala em 2019) e é a segunda etapa do pacote de alterações chamada de Metropolis. As melhorias envolvem desde o aumento de privacidade até maior previsibilidade no valor gasto para a execução de smart contracts. No geral vamos ter medidas importantes mas ainda referentes ao Ethereum 1.0.
Uma vez superada essa fase, as mudanças prometidas para o futuro são bem mais drásticas e começam com a mudança no algoritmo de consenso. Lembrando que um algoritmo de consenso “só” faz com que uma rede descentralizada decida sobre o que é uma transação válida ou não. Nesta mudança será implantando um protocolo de Proof-of-Stake chamado Casper que, dentre outras questões, acaba com a mineração no formato existente atualmente.
E não para por aí. As outras alterações são tão ou mais drásticas.
Da forma como foi idealizado por Satoshi Nakamoto, um blockchain é uma única sequência de blocos que é (ou deveria no caso de algumas plataformas) ser imutável. No entanto, isso tem como ponto negativo o fato de que todos os computadores conectados à rede precisam andar no ritmo desta única sequência de blocos. Isso significa que, independentemente de haver um ou um milhão de computadores ligados à rede, a quantidade de transações que pode ser processada é a mesma.
O que o Ethereum pretende, é fazer com que diversos blockchains possam existir paralelamente sob uma mesma tutela. Mas para isso, esses diferentes blockchains precisam se comunicar entre si e a segurança não pode ser comprometida.
A primeira atualização neste sentido chama-se sharding que, de forma extremamente simplificada, vai fazer com que o, hoje, único blockchain do Ethereum se transforme em diversos blockchains paralelos (fala-se em até 1024).
A outra modificação neste sentido chama-se Plasma. Ela permitirá que transações sejam realizadas fora da rede principal do Ethereum ou que, até mesmo, sejam criados blockchains específicos para uma determinada aplicação. Aí, somente quando for relevante, as mudanças serão passadas para a rede principal do Ethereum.
Resumindo tudo o que eu disse até agora:
- A mudança para Proof-of-Stake (Casper) altera a forma como se decide sobre o que é uma transação válida ou não, e modifica bastante a mineração.
- Sharding divide o blockchain do Ethereum em várias blockchains parelelos.
- Plasma é a atualização que vai possibilitar que transações que ocorram por fora da rede do Ethereum sejam passadas para a rede principal quando necessário.
Para se ter ideia do impacto disso tudo, na (ambiciosa) visão do fundador do Ethereum: “Se você adicionar 100 vezes de ganho com Sharding e 100 vezes de ganho com Plasma, os dois juntos basicamente entregariam 10.000 vezes de ganho de escalabilidade”.
Dez mil vezes de ganho não é pouca coisa, mas para sabermos estas expectativas são factíveis ainda vai levar algum tempo. Fala-se em pelo menos mais um ano de desenvolvimento para o lançamento do Proof-of-Stake e do Sharding, se ambas forem lançadas juntas como se especula hoje. Quando ao Plasma, o desenvolvimento ainda está no começo e vai demorar a sair do papel.
Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada a seus clientes semanalmente, disponibilizada aqui com algumas semanas de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra e sem defasagem? Cadastre-se no site da HashInvest.