O mundo não está preparado para o amor...

O mundo não está preparado para o amor, mas eu posso me preparar. Para que externamente o amor floresça, é necessário um terreno fértil dentro de nós, é necessário deixar que o amor crie raízes. Para amar o próximo é preciso, primeiro, estar conectado com o nosso amor próprio. É preciso aprender a nos aceitar completamente e estar felizes com quem somos e com a nossa vida exatamente como é. Se não estamos prontos a estar totalmente a vontade como somos e como as coisas são nesse exato momento, não estamos preparados para aceitar o próximo do jeitinho que é.

Muitas vezes o mundo não nos acolhe e desde criança trata o que trazemos dentro como algo sem valor. Muitas vezes o mundo se mostrou completamente hostil. Muitas vezes nós mesmos acabamos desacreditando de traços e virtudes nossos que não foram bem acolhidos pelo mundo, principalmente na infância, e acabamos deixando de ser quem somos para ser quem o mundo quer que sejamos. .

Negligenciar quem somos verdadeiramente é a primeira barreira que erguemos em relação ao amor-próprio. E, ao longo da vida, seguimos erguendo mais barreiras inconscientes, por medo de não sermos amados, ou simplesmente por descrença em nossas virtudes. E, quanto mais nos afastamos do amor dentro de nós, quanto mais nos afastamos de quem somos verdadeiramente, maior é a necessidade que sentimos de sustentar traços ou imagens diante dos outros que possam ocupar o espaço vazio deixado pela perda de contato com o nosso ser essencial. Talvez seja por isso que, muitas vezes, vemos muita autoconfiança, onde há pouco amor-próprio. Muita auto-suficiência e arrogância onde há, no fundo, muita carência, muita necessidade de afeto ou muita insegurança. Muitos dos traços que sustentamos são como balões inflados e parecem estar ali apenas para preencher o vazio. São como defesas que criamos ao longo da vida.

Como somos incapazes de dar aquilo que não temos, começamos todos a nos relacionar como mendigos. No fundo sentimos que estamos vazios, que nos falta algo. Porém, não nos damos conta de que o que falta está dentro, e não fora. Quando o amor próprio não está presente, quando estamos insatisfeitos, infelizes e perdidos dentro de nós mesmos, os nossos relacionamentos (seja com amigos, família, parceiro) são baseados nas cobranças, nas expectativas, na culpa, na possessividade.

Essas são formas inconscientes de tentar preencher o vazio de fora para dentro, de buscar nos outros a mesma aceitação e paz que o amor próprio, do qual nos desconectamos, um dia nos proporcionou. É preciso nos reconectar com o amor que já trazemos dentro de nós. E essa conexão com o nosso amor próprio vem a partir da maturidade emocional, a partir do autoconhecimento e a partir da cura de antigas feridas não cicatrizadas. Só depois desse processo de crescimento e de REconhecimento do amor, é que a conexão com o outro acontece verdadeiramente, livre barreiras emocionais.

Quando estamos conectados com o amor internamente, de uma forma natural o amor floresce externamente. E, nesse momento de florescimento, amar o próximo é muito simples, muito óbvio, muito natural. Na verdade, sentimos que o amor é a única forma natural de se relacionar, de chegar a outro ser humano. No momento em que me conecto com o outro através do amor, todas as outras formas de relacionar que conhecemos durante a vida perdem o sentido. Quando reconhecemos o amor dentro de nós naturalmente nos conduzimos à terrenos férteis para o florescimento do amor externamente.